Procurar ou não um mentor: eis a questão

Daniela Panteliades
AppProva
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3 min readFeb 2, 2017

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No final de 2016, me questionei muito sobre a importância e o desejo de ter um mentor. Ou melhor, umA mentorA.

Vi muitos benefícios em ter alguém para me guiar, me aconselhar e me inspirar. A partir daí comecei a mapear mulheres que eu gostaria que fossem minhas mentoras. Inclusive, eu e a Anelice Teixeira Costa, minha parceira de AppProva, abordamos uma delas, mesmo que indiretamente. E obviamente, não tivemos sucesso.

E por que eu falo obviamente?

Bom, tudo ficou mais claro quando li o capítulo 5 — Você é meu mentor? — do livro “Faça acontecer — Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar” (ou “Lean in: Women, Work and The Will to Lead” — em seu nome original) da Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook. Antes de entrar no capítulo, gostaria de agradecer ao Arllen Jorge, que me presenteou. Sensacional o livro e super recomendo.

Voltando a falar do capítulo, minha primeira lição foi: não peça a ninguém para ser seu mentor. Não chegue perguntando “você quer/pode ser meu mentor?”. Se você precisa perguntar, provavelmente a resposta será não.

Segundo Sheryl é desanimador receber essa pergunta. Ela nunca sabe direito o que responder para quem a fez e o pior: incomoda. E sabe o que é ainda mais desanimador? As mulheres fazem mais essa pergunta do que os homens. Agora o por quê disso? No idea.

Parece que estamos querendo encontrar o Príncipe Encantado. E será que é a gente que tem que escolher e buscar? Pelo visto não. Segundo estudos que ela cita no capítulo, os mentores te escolhem pelo seu desempenho e pelo seu potencial.

A lógica deve ser invertida de “Consiga um mentor e você se destacará” para “se destaque que você conseguirá um mentor”

Além disso, se a pessoa não te conhece, não faz o menor sentido ela ser sua mentora. Ela precisa te conhecer e ter interesses em comum, pois essa relação é recíproca. A orientação, inclusive, pode vir de todos os níveis.

Agora o que eu mais gostei foi: o nome mentor não precisa aflorar.

Se alguma pessoa te dá conselhos e investe tempo para contribuir com o seu crescimento, você já tem um mentor.

Quer ele tenha esse nome ou não. O que é mentor para você? Alguém que faça um acompanhamento de uma hora por semana? Isso, para a Sheryl, é um terapeuta.

Uma vez construída a relação de mentoria, saiba aproveitá-la bem! Foque em resoluções de problemas, pois muitos mentores ou orientandos gostam de ajudar na superação de desafios do dia a dia.

E ainda: valorize o tempo deles.

Por fim, mas não menos importante (pelo contrário), gostaria de propor uma reflexão.

Normalmente, os homens orientam e recomendam outros homens, por se identificarem e terem interesses em comum. E como a maioria dos cargos de liderança é ocupada pelo sexo masculino, a rede velho-rapaz continua a predominar.

Portanto, é praticamente impossível oferecer apoio suficiente para as mulheres mais novas.

Por isso, você, homem líder, já pensou em orientar uma mulher? Já pensou em tornar isso uma prioridade sua para fazer a diferença?

Na opinião da Sheryl e com todo meu humilde apoio, deveria existir uma medalha de honra para homens que aconselham e patrocinam as mulheres!

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